SAMBAS-ENREDO ANTIGOS

1977
Enredo: Um Talismã para Iaiá
Compositores: Nilton Lemos e Barreto

Revendo as histórias encantadas
Da colonização do meu Brasil
Encontro a melodia pra contar
O tema é um talismã para Iaiá (lalaiá)
Vivia na mata virgem
Uma negra de tom reluzente
Era órfã e por isso carente
De amigos escondia a sua dor
Por isso, imaginava o seu amor
E o uirapuru
Em seu canto violado
Encontra o amado Zumbi acordado
Então gorjeia assim este recado

Plante a roça gongá
E não vá desperdiçar
Protege a fauna gongá
Para Anhangá lhe ajudar


Que maravilha
É madrugada
Quase amanhecendo o dia
Aparece a negra faceira
Pronta para trabalhar
Puseram sobre a folha da bananeira
A massa preparada sem cansar
E o encanto calunga começou a deslumbrar

Ô Iaiá
Como o último a caçar
Para com Donga você se casar

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1978
Enredo: Talaque, talaque, o romance de Maria-Fumaça
Compositores: Pestana e Jorginho do Pandeiro

(Através...)
Através dos campos e vales
De rios e lagos
Deste imenso Brasil
Qual um bandeirante
Com raça, valente
A "pretinha" seguiu...
(Lá vai...)

Lá vai o trem, lá vai
Subindo a serra
Deixando e levando saudades
Pra quem vive nesta terra


Abertos os caminhos
A primeira "Maria" passou
Com afeto e carinho
De "Baronesa" o povo a chamou
Outras "Marias" vieram
"Zezé Leonni", beleza sem par
A "Romana", "Faustina"
Quantas estórias pra contar

Plantando cidades
Em cada rincão
Maria Fumaça
Conquista o sertão

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1979
Enredo: Da Lapinha ao coreto, um folguedo popular
Compositores: Pinga, Adilson Barbado e Menilson

Mistérios e encantos da Lapinha
Mostramos com euforia neste carnaval
Diz a lenda que Teiniaguá guardava
O tesouro que existia
Lá na serra do Jarau
Do infinito, uma estrela despontou
E a chegada dos reis magos
A Belém anunciou

Nesta brincadeira
De raro esplendor
Pastorinhas jogam flores
Como prova de amor


A cidade está em festa
No coreto, a orquestra
Toca uma linda canção
E para manter a tradição
Vejam o velho, a cigana e o vilão
E o cordão de cá
Desafia o dia lá
Cada um com sua mestra para comandar
Tem fogueira sim
O momento é de queimar
O chicote do vaqueiro negro para terminar

Boa noite meus senhores
Já é hora de partir
Para o ano voltaremos
Se assim Deus permitir

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1980
Enredo: Mambembes e Mamulengos
Compositores: Amauri, Barreto, Jacy Inspiração e Netinho

Em cada rosto um sorriso, que beleza
Em cada qual uma explosão de alegria e esplendor
Neste cenário de luzes, cores, fantasias
Delira a multidão em festa e em sedução
Mambembes e mamulengos traz o Arrastão
Com arte, com talento, o artista propagou
Coisas da cultura que o tempo nos legou
Que maravilha a gente ver
Mostrando a arte com amor
Um grupo destemido
Levando alegria seja onde for
Doutor Babau, João Redondo
Manoel, Amendoim e outros mais
São partes importantes nesta história
Que o tempo vai passando e não desfaz
Os mamulengos na avenida
Parecem da platéia sentir o calor

Canta, minha gente, canta
Nesta festa de real valor


Olé lê lê lê le ô
Com harmonia
Neste embalo
Eu também vou

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1981
Enredo: Rudá, o deus do amor
Compositores:

Chuá luar, a comunicação ôô
Cantando em festa
Laiá laiá, traz o Arrastão
Em forma de poesias
Oh, quanto esplendor
A história de Rudá, o Deus do amor

Ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô
Segura a lança iaiá
Não deixa a lança cair
Hoje sou festa Tupi Guarani


É tão sublime o infinito
Em tempo de Jaci e Guaraci
E no lago Chuá
Um mistério encantava
Era a serpente, que a menina moça separava

Hoje tem festa e dança
Tem batuque de tambor
Tem feitiço e lua cheia
Tudo isso em seu louvor

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1982
Enredo: Brasil, verde-amarelo
Compositores: Jacy Inspiração, Amauri e Netinho

(Brasil)
Que lindo
Emoldurar-te em poesia
Num canto cheio de esperança
Bordado em ouro
E neste cenário de belezas mil
Viajar aos quatro cantos
Pra te decantar Brasil
Lindos campos, verdes matas
Quanta alegria nesta multidão
Rios, cachoeiras e cascatas
A passarada em forma de canção

Uê erê êê uê erá
Neste solo fértil
Jogue semente e deixe germinar


O livro da história nos revela
Tantos feitos que orgulha este torrão
Na arte, na cultura e na ciência
De tantos filhos deste chão
Oh, quantas riquezas
Nas fontes desta imensidão
Abençoado o povo
E este gigante em expansão

É canto, é dança
É bola no pé
É o povo na festa
É a reza na fé

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1983
Enredo: Barravilhosa
Compositores: Jacy Inspiração, Netinho e Amauri

Raiou o rei
Maravilhoso a brilhar (a brilhar)
Ao longe bem se vê
Flores a flutuar
Deixadas em louvor à Iemanjá
Venho mostrar à natureza
Beleza que o verão faz fascinar (fascinar)
O visual é deslumbrante
Com pranchas deslizando sobre o mar (e sobre o mar)
E como não pode faltar
Não posso deixar de exaltar

As mulheres com o corpo bronzeado
Desfilando na areia
E gaivotas a voar


Faz parte da cidade maravilhosa
Quem não conhece, vê agora o que ela tem
É uma Barra
Barravilhosa também
Que aos domingos todos querem freqüentar
Onde o sambista tem a pista pra sambar
Falando de amor não pode haver melhor lugar
Pra amar, pra amar, pra amar

Ô morena, ô morena
Me leva pra conhecer Joá
Me leva pra conhecer Joá
Me leva pra conhecer

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1984
Enredo: O conto lendário de Marabá
Compositores: Jacy Inspiração, Netinho e Amauri

É folia, cidade maravilhosa
Pisa nesta passarela
Nossa escola suntuosa
Cantando a lenda
De uma estória de amor
Quando Iná
Pelo conquistador se apaixonou

O amante deu-lhe um beijo
Rio abaixo navegou
Mas deixou o seu anel
Como prova de amor


Nasce Marabá
Filha da floresta, com as flores se enfeitou
Ao vê-la emergir da água doce
É Iara, Ipojuca exclamou
Aquela imagem penetrou em sua mente
E encantado se enamorou
Esse amor gerou ciúme
A vingança se espalhou
O que era tão bonito
Em tragédia se tornou
Denunciados por Moema
Perseguidos pela tribo
Pelos brancos são capturados
O pai, ao ver o seu brasão
Abraça a filha, peito cheio de emoção
O guerreiro
Sem nada entender
Flecha a sua amada
Com medo de lhe perder

Ô ô ô ô ô
O conto terminou
Marabá nasceu
Cresceu viveu, morreu no amor

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1985
Enredo: Depois do mal feito, chorar não é proveito
Compositores: Jacy Inspiração, Netinho e Amaury

Eu me vesti de natureza
Me bordei com poesia
E num rio de saudade
Mergulhei, mergulhei nesta folia
Sou eu, as Sete Quedas que você matou
Pedaço de floresta que você, sei lá
Sou eu, a borboleta que beijava a flor
Eu sou o passarinho que cantava o amor
Sou eu, sou eu, sou eu
O arco-íris que enfeitava a serra
Sou eu, sou eu, sou eu
A luta pelo pouco que ainda resta

Ai, eu sou
Ai, eu sou
Retalho das belezas
Que o progresso lentamente exterminou


Essas mãos que se uniram
Construindo nova fonte de energia
Que se unam bem mais fortes
Em defesa da ecologia
Quem não se lembra
Da trovoada e o temporal
O povo irmanado nas campanhas
Pagando o preço da destruição
Na inocência da infância
As criancinhas vão cantando esse refrão

Que mundo é esse, mamãe
Que mundo é esse
Que até parece que está
Chegando ao fim
Que mundo é esse, mamãe
Que mundo é esse
Que se maltrata a natureza
Tanto assim
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1986
Enredo: Mano Décio da Viola. A apoteose do samba
Compositores: Santa Branca, Adilson Madureira e Lico

Meu carnaval é você
Vou explodir minha alegria
Todo Arrastão hoje é folia
Peito aberto, fantasia
Nos braços da poesia
Desperta meu mestre ô
E vem ouvir o meu cantar

Com a luz iluminando a passarela
A noite fica mais bela
E a alegria vai contagiar


Veio um menino pobre ô
Com a esperança de crescer
Lata d’água, o carreto lá pro morro
Era o seu meio de viver (de viver)
Com o tempo foi girando
De sua arte, veio a glória
De Mangueira a Madureira
O pregão de um jornaleiro
Era a luz de liberdade ô
No talento de um guerreiro
Braço forte no trabalho
Com um sonho de vencer
Tricolor de coração
Nas manhãs de seu lazer
A viola na Serrinha
Fez parceiro um mestre bamba
Mano Décio e seu Império
Apoteose do samba

Ê violeiro, passeia na minha canção
Cisca a viola, ponteia no meu coração

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1989
Enredo: Zezé um canto de amor e raça
Compositores: Jacy Inspiração, Netinho, Amaury e Bebeto Arrastão

Sou um pedacinho desta festa
E lá vou eu nesta folia
Peito aberto pra te decantar
Oh Zezé, tu és razão deste poema
Da nossa escola muito mais que tema
Tu és a própria arte viva no cordão
Quero é mais eternamente ver-te em cena
Nos palcos dos teatros desta vida
Negra pura, flor mulher
Sinto que o vento sopra um canto de amor
Hoje as raças se irmanam
Tudo se transforma neste show

É a dança, é a ginga
Deixa o corpo balançar
Este mar de alegria
Faz a onda te levar


Emoldurei-te em pensamento
Bordei a tela no meu coraçao
Poxa, tu estavas tão bonita
Revivendo a Negra Xica, que fascinação
Anda que ainda é tempo
Tempo de mostrar bem mais
É a glória do artista
Mais que artista, um mito que não se desfaz

O talento corre os ares
Çorre chão
E Zezé nos braços da multidão

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1991
Enredo: A procura da sorte
Compositores:

Joguei
Mais uma vez tentei a sorte
Fui com pensamento forte
No fabuloso mundo da ilusão
E busquei
No esplendor das fantasias
No fascínio que irradia
Minha doce ilusão
Eu cantei a pedra que eu desejava
Na mente se concentrava
Tudo que eu imaginei
Se a estrela guia iluminava
E a minha sorte eu procurava
Bem alto eu apostei
Isso até parece caipira
Quem teu bota banca
E quem não tem, se vira
No jogo do amor é mais sério
Há um grande mistério
Pra se conquistar
Não se aventura nas cartas
Um bom coração
Tem que amar
Pois amar faz bem
Um grande amor não leva tristeza a ninguém
E o povo nordestino
Continua na ilusão
Não tem casa pra morar
Vive querendo ganhar
Um pedaço deste chão
Apostei, ganhei da solidão
Procurando a sorte
Com meu Arrastão
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1993
Enredo: Quem canta seus males espanta
Compositores: Nery, Valdo e Betinho

Me enfeitei de paixão e alegria
No afã da poesia, amor
Deste tema singular

Vem de longínquas eras
Qual magia de Quimera
A estória do cantar


Um canto deu origem ao nosso mundo
Assim a mitologia diz
Um coro de anjos para anunciar
A primeira alvorada
Mais tarde na Grécia milenar
O canto assumiu vulto maior
E virou arte em toda parte, explodiu
O primeiro coral se ouviu

Ô Orfeu
Chama Deus Baco
Que o som ficou legal
Trovador, cantando amor
Na era medieval


Fluindo, o cantar evoluiu
Com lirismo e harmonia
Dos índios e dos sabiás
Cantos divinais
Dos negros, louvor aos orixás
O mascate do passado
Em um tom malandreado
Hoje é o nosso camelô
Mas quem não sonha ser artista
Ir pro rádio, ser cantor ôô
Canções embaixo do chuveiro (chuá, chuá)
Aliviam o dissabor

Ê ô, bebum
No gogó sem vacilar (ê o ê o)
Quem canta seus males espanta
E o Arrastão não pode se calar

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1994
Enredo: Assim caminha a humanidade
Compositores: Jorginho Estrela Negra, Rubinho e Zequinha do Cavaco

Brilhou num lindo sonho infantil
O calçado que ensina
A humanidade a caminhar (caminhar)
Criado numa era tão distante, era tão emocionante
Ver o povo se equilibrar (e vem)
Vem enriquecer a fantasia
A Cinderela é alegria
Com o sapatinho de cristal
Musa, simbolizou com exuberância
Carmem Miranda é lembrança
Estrela do meu carnaval

Eu vou de salto alto que o grego inventou
Amor, amar, amar eu vou


O homem primitivo teve uma idéia genial
De cobrir os pés, mas quem diria
Com um pedaço de pele de animal
E com o passar dos tempos a moda trouxe a evolução
De botas, o astronauta foi à lua
É de griffe e bem transado
O tênis da nova geração

Ô sapateia ioiô, ô sapateia iaiá
Vem pra passarela desfilar
Que eu hoje tô que tô
E vou deixar cair
Sapateando na Sapucaí

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1995
Enredo: Frevança
Compositores: Mazola, Edimilson, Mazinho e Naldo do Cavaco

Meu coração se sentiu pernambucano
Esqueceu os desenganos
Quando os clarins anunciaram a brincadeira
E eu me fiz mulato descendo a ladeira
Vi palhaço em fauceto a gargalhar
Mascarando a tristeza
O carnaval vai começar
Rancho das Flores
Andaluza, Pirilampos
Caboclinhos, solta a imaginação
Pernambuco canta e dança
Na beleza e no balanço do meu coração

Dança menina pra lá e pra cá
Embala o frevo, que eu vou me embalar


Maracatu, motiva um sentimento novo
Orgulho de um povo
É a coroação (sacode Arrastão)
Meia-noite ou meio-dia
O gigante Malaquias
Mantém a tradição
A quarta-feira de cinzas anunciou
Que a frevança terminou
O vento sopra no Capiberibe ôô
Com esse canto, o mundo inteiro se encantou

Eu danço frevo
Frevado gostoso, estou aí
Vou arrastando o povo na Sapucaí

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1996
Enredo: As Icamiabas
Compositores: Amaury dos Santos, Netinho, Jacy Inspiração e Guto

Amazônia
Ao me vestir de verde nesta festa
Venho descrever em poesia
A viagem encantada na floresta
Encontrei as mulheres guerreiras
Fazendo loucuras com a flecha na mão
Cada tempo era tempo de luta
Era a valentia impondo a razão

E deixa a sol brilhar
Com todo o seu clarão
Pra gente caminhar
Por essa imensidão


A mata esconde o tesouro
É prata, é ouro, e nos faz sonhar
Mulheres de poucos amores
E haja meninas pra se educar
Tomara que ao invés da batalha
O vento espalhe esse canto no ar

Se de presente eu ganhar
Uma alegria sem fim
Vai ser tão gostoso dividir

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1997
Enredo: Oju-obá, os olhos do rei
Compositores:

Vem iluminar a poesia
Através desta magia
Fazer poemas na canção
Canta, canta nagô-Yorubá
De Oduduwa, Oranmiam
Obátalá, iansã
Hoje eu quero ser feliz
Unir os laços da minha raiz
Ia, ia, iaô, ô, iaô, iaô
Toca o Rumpi do Lé
Ajobó a girar
Salve, salve xangô
Oh, divina luz
Que me conduz em fantasias
Tu és Xangô, meu protetor
Nesta folia
Minha força, meu oxé (Ojé)
Meu caminho a seguir
Esta emoção que encanta
O Arrastão na Sapucaí
É a luz de Oju-obá
Obá Kawô
É de fé, é divinal
É xangô que ilumina
O nosso carnaval
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2000
Enredo: Caxambú, da hidrópolis real à corte no carnaval
Compositores: Tiãozinho Cruz, Ailton Mililiu, Bira do Doce e Wilson do Cavaco

És consagração
Beleza que a mãe natureza
Reservou pra você
É força, é fé, é cultura, é raiz
É "Caxambu" da hidrópolis real
A corte no carnaval
Vem da era romântica
Fatos da história
Em que a Princesa Isabel
No enlace com o Conde D\"Eu
Dissipou assim a alegria
Por um filho que não concebeu

Lá vai o trem
Lá vai a liteira
Percorrendo a Serra da Mantiqueira


Lá no paço
A suntuosidade e a elegância do salão
Enfeitado com as armas do Império
Surge a promessa
Com a concepção construiria
A Igreja de Santa Isabel de Hungria
Três belos filhos
A água milagrosa lhe proporcionou
Frutos de uma terra que tem nome de dança
Morros em forma de tambor

Seu turismo é atração
A cozinha mostra Minas Gerais
O mundo se rende ao potencial
Do maior pólo hidromineral

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2001
Enredo: Brasil mostra a sua cara
Compositores: Ailton Mililiu, Bira do Doce e Tiãozinho Cruz

Sou brasileiro
Dignidade, igualdade, paz e amor
A esperança impera
Que esse povo siga a luz do criador
(Oh meu Brasil)
Ordem e progresso Brasil
A favela e o nordeste fazem parte de você
É triste ver criança condenada
À fome e à prostituição
Sem terras
Índios pedem chão para viver
Educação, justiça social
Não somente no carnaval
Brasil mostra a sua cara
É pintada ou de cor
Minha pátria idolatrada
O que importa é o meu amor
O verde das matas
O azul do mar
O amarelo ouro onde estará
Viva Rio se mobilizou
Sim à paz e não à guerra
Viva Cazuza com a saúde trabalhou
A pistola pela escola
Minha fé universal
Fim do colarinho branco
Impureza nacional
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2003
Enredo: Tem jangada no mar, hoje tem Arrastão
Compositores: Marçal, Kakalo, Natal, Cosminho, Kao e Tiãozinho Cruz

Da Índia veio a Xanga como embarcação
Com licença mãe Yemanjá
Pois tem jangada no mar
Hoje tem Arrastão
O vento dos Deuses nos conduz a prosperar
E o sol clareira nosso mestre a singrar
Deixe a prancha embalar
Nossa rede é verde e branco
E o oceano a avenida conquistar
Jangadeiro trás o peixe, de cada dia
A quimanga é fartura, na pescaria
O Dragão não vai ousar, me afrontar
Nem as Iaras vão fazer me apaixonar
Mãe Mãe D\"água a proteção é Janaína
A vida é nosso tesouro
Aos pescadores quem te pede é a família
E os temores vão passar
Nem tubarões nem tempestades
Eparrei Iansã
Os seus raios trazem claridade
É doce morrer no mar
No Nordeste a procissão
Contra lendas e mistérios
Mar a dentro lá se vão
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2004
Enredo: Quem tem padrinho desfila com emoção nos 30 anos do Arrastão
Compositores: Tiãozinho Cruz, Alika, Roberto Iguaçu, Pinel Simpatia e Natal

Nesta maravilha de cenário
Ovacionamos a coroa imperial
Sob os olhos graciosos de Oxalá
Nove vezes campeã do carnaval
Bumbum paticudum prucurundum
O império é patente, só demente é que não vê
Quem tem padrinho, desfila com emoção
Nos trinta anos do Arrastão
Vai Flamengo, a glória de um povo
Ai que saudades dos antigos carnavais
Boitatá, um talismã pra iaiá
A Maria Fumaça vai passar
Na lapinha, fiz meu coreto popular
Mambembes mamulengos
Orfeu, eu vi brilhar
Zezé, és meu estandarte
Do Oiapoque ao Chuí, ontem hoje e amanhã
Assim caminha a humanidade
Dancei frevança
Mulheres guerreiras
Oju Obá meu Orixá
No palco da alegria, sou rei
Renovei minha raiz, ganhei
Iansã lançou seus raios
Dando um toque divinal
Me banhando de alegria neste carnaval
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2005
Enredo: O Rio em ação é Pan no carnaval do Arrastão
Compositores: Wlamir e Otávio da Cedae

Meu Rio de Janeiro é festa
Se manifesta a 40 graus de emoção
Cidade maravilhosa, todo prosa em ação

É o Pan-Americano no carnaval do Arrastão

Vem lá do Olimpo a inspiração
Do Tio Sam a emoção
Sediado na Argentina
Coroando América Latina
A cultura falou forte
Unida pelo esporte, 2007 vem ai
Prepare o seu coração
Pra mega competição

Na quadra, na pista
O show do esportista
Nas águas vão rolar
No ginásio, no gramado e na areia
Meu Brasil vai despontar


Que venham os cinco elos da corrente
Semente de uma juventude sã
Meu sonho há de se realizar
Renascendo a esperança
E o Redentor abençoar

O meu Arrastão é um tesouro
Minha bateria medalha de ouro
Nos jogos da vida, eu vou delirar
Acende a chama
E deixe o corpo balançar

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2006
Enredo: Dudu Alabukun do Arrastão visita a terra dos Yorubás
Compositores: Sereno, Jerônimo, Fernandinho dos Gatos, Vaguinho RC, Sorriso, Binho, Carlos Junior e Paulinho da Área

Em busca da história, Dudu abençoado viajou
E ficou maravilhado com as belezas que encontrou
Crenças e costumes nas terras de yorubás
Influência na cultura brasileira, fé nos orixás
Divina integração, à Maomé adoração

Tem mistério atrás do véu
A mulher com o poder de sedução
Na culinária, a pimenta fortalece de paixão


Ao retornar para o Brasil
No Rio de Janeiro constatou
É como olhar em um espelho
Nigéria, somos iguais
Na arte estampados coloridos
Viu os blocos afros da Bahia
No povão, a alegria de brincar e ser feliz
E no terreiro da Tia Ciata
Foi que o samba começou

Amor, vem desfilar, é o nosso Arrastão
Seu verde e branco faz de um jeito
Sentir a emoção em nosso peito

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2007
Enredo: De Estácio de Sá ao Pão de Açúcar, o Rio nasceu na Urca
Compositores: Nilson Lemos, Roberto Saideira, Cosminho, Luquinha da Conceição, Julinho Cá, Marcos e Ivani Ramos

O rei mandou, a ordem foi realizada
Chega Estácio de Sá pela Baía da Guanabara
A fim de cumprir sua missão
E fundar a grande São Sebastião
Na luta, a batalha final, a vitória enfim conquistou
A sua vida sangrou, liberdade, um grito ecoa no ar
Adeus franceses e a paz reinará
Salve o Forte São João contra os invasores
Chega de opressão
Viva o Rio de Janeiro
Onde brilha o Arrastão

Cassino da Urca, balneário, hotel
Carmem Miranda a encantar
Roda roleta, oh Terezinha
É um barato a buzina do Chacrinha


Pelo ar a paisagem é tão bela
O Pão de Açúcar vem adoçar o meu céu
Praia Vermelha, Pasteur
Minha avenida querida
Benjamin Constant é a luz
A força da fé ao esporte conduz
Hoje o bairro me seduz
De Estácio de Sá ao Pão de Açucar
O Rio nasceu na Urca

Nosso canto hoje ecoa
Pisa forte, Arrastão
Amour, Amour é simpatia e alegria
Vem sambar na explosão da bateria

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2008

 Arrastão de Cascadura - Arrastão ao vivo 2008


Enredo: Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 anos de história
Compositores: Luquinha da Conceição/ Julinho Cá/ Nilson Lemos/ Marquinho/ Cosminho/ Garcia/ Vanir Mec

Em meu Brasil aportou
Realeza chegou de Portugal
A Quinta da mais bela vista
Se fez moradia o Palácio Real
Ilustres moradores seus feitos imortais
Usaram a razão, determinação conquistando ideais
Um grito ecoou, Independência a nação
Liberdade é um direito em forma de oração
Mas com o fim da monarquia
O improvável aconteceu
E o Paço quem diria se transforma em Museu

Acervo sem igual, de arqueologia
Evolução as etnias
África de Daomé, Roma e seus gladiadores
Os incas sucumbiram aos invasores


Bendegó caiu em terras da Bahia
E Santos Dumont pra aviação renasceria
Diversos exemplares a fauna e a flora em evidência
Biblioteca de grande extensão incentivo à ciência
Tora livro sagrado dos judeus
Antigo Egito no museu não precisa se assustar
Estudantes, visitantes
A múmia não vai te pegar

Do Palácio Real ao Museu Nacional
200 anos de história
Trazendo a corte imperial
Aí vem o Arrastão, almejando a vitória